Publicado originalmente em 1932, o clássico de Aldous Huxley é uma obra incontornável, olhar agudo e profético acerca do autoritarismo e reflexão poderosa sobre temas como hedonismo e controle, humanidade e tecnologia.Na Londres de 2540, para tentar pôr fim às guerras que ameaçavam destruir a espécie humana, um governo totalitário mundial impõe o mais completo controle sobre a reprodução: pais e mães são extintos, bebês passam a ser criados em laboratório. Num mundo dividido em castas, o psicólogo Bernard Marx sente-se inadequado quando se compara aos outros seres de seu grupo. Ao descobrir uma “reserva histórica” que preserva costumes de uma sociedade anterior – muito semelhante à nossa –, Bernard vai desafiar a ordem vigente.Adaptada e ilustrada pelo quadrinista britânico Fred Fordham, e dialogando com uma rica tradição visual de histórias de ficção científica, esta graphic novel é capaz de magnetizar os fãs da obra-prima de Huxley e servir de porta de entrada para uma nova geração de leitores.
Admirável mundo novo (Edição em quadrinhos)
Fred Fordham
Ano: 2023
Páginas: 240
Idioma: português
Editora: Quadrinhos na Cia
Essa é a resenha de uma leitora ainda chocada com o conteúdo do que leu. E é incrível como um livro publicado em 1931 ainda mantém essa capacidade.
Sim! Mesmo sendo uma adaptação para os quadrinhos por Fred Fordham (curioso esse sobrenome...), a essência da escrita de Aldous Huxley ainda permanece. Admirável Mundo Novo traz um universo distópico no mínimo inquietante: criado por Ford (o mais próximo de um deus para eles), seus membros buscam a felicidade constante seja pelo consumo exagerado ou pela troca constante de parceiros sexuais sem nenhuma ligação afetiva e sem procriação, já que os humanos são criados e condicionados em laboratórios para, inclusive, terem pensamentos e comportamento adequados à sua posição na sociedade, onde o que importa é beleza e juventude. Não possui nenhum tipo de religião e estimulam a erotização infantil, conhecimento, cultura e arte são absolutamente desprezados.
"- Mas eu gosto dos inconvenientes.- Nós, não. Preferimos fazer as coisas confortavelmente.- Mas eu não quero conforto. Quero Deus, quero a poesia, quero o perigoautêntico, quero a liberdade, quero a bondade. Quero o pecado."
Tudo isso mantido à base de soma, uma droga livre para os ricos e racionada para os trabalhadores, que recebem uma dose por dia para assegurar a manutenção do vício e a completa alienação em relação ao sistema provocando um estado de felicidade plena, um eficaz arma de manipulação.
Muito observador e pensativo, sem jeito com as mulheres porque busca envolvimento e cheio de curiosidade, Bernard é um humano que deu errado. Seu amigo Helmholtz é o seu oposto mas, ainda assim, questiona o porquê das coisas. Essa amizade não é vista com bons olhos pelas autoridades e Bernard decide fugir para uma aldeia de pessoas que vivem como nós, ainda sem condicionamento algum. O convívio com essas pessoas trará uma nova visão de mundo para Bernard e muitas descobertas terríveis.
Conseguiu perceber o quanto, mais de cem anos depois de publicada, essa história ainda é atual? Afinal, a busca pela felicidade a qualquer custo, os rigorosos padrões de beleza, a valorização da futilidade, a objetificação dos corpos humanos, a falta de sentimentos nas relações e o consumo de drogas para anestesiar a realidade são também marcas da nossa sociedade.
Admirável Mundo Novo é um livro inquietante, que mexe com o leitor levando-o a inúmeras reflexões sobre os mais variados temas. E que, mesmo depois da leitura, ainda continua te intrigando.
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