Os Sinclair sĂ£o uma famĂlia rica e renomada, que se recusa a admitir que estĂ¡ em decadĂªncia e se agarra a todo custo Ă s tradições. Assim, todo ano o patriarca, suas trĂªs filhas e seus respectivos filhos passam as fĂ©rias de verĂ£o em sua ilha particular. Cadence - neta primogĂªnita e principal herdeira -, seus primos Johnny e Mirren e o amigo Gat sĂ£o inseparĂ¡veis desde pequenos, e juntos formam um grupo chamado Mentirosos.
Durante o verĂ£o de seus quinze anos, as fĂ©rias idĂlicas de Cadence sĂ£o interrompidas quando a garota sofre um estranho acidente. Ela passa os prĂ³ximos dois anos em um perĂodo conturbado, com amnĂ©sia, depressĂ£o, fortes dores de cabeça e muitos analgĂ©sicos. Toda a famĂlia a trata com extremo cuidado e se recusa a dar mais detalhes sobre o ocorrido… atĂ© que Cadence finalmente volta Ă ilha para juntar as lembranças do que realmente aconteceu.
Mentirosos
E.
Lockhart
Ano:
2014
PĂ¡ginas:
272
Editora:
Seguinte
“Meu nome completo Ă© Cadence Sinclair Eastman.
Aguento enxaquecas.
NĂ£o aguento idiotas.
Gosto de distorcer significados.
Eu suporto.”
“Se vocĂª quiser viver em um lugar onde as pessoas nĂ£o tenham medo de ratos, deve abrir mĂ£o de viver em palĂ¡cios.”
Cadence
tem o seu grupinho, que Ă© formado pelos primos Johnny e Mirren, e por um amigo
muito especial, Gat. Juntos formam os Mentirosos e curtem as férias como todo
bom adolescente, fazendo desses momentos lembranças inesquecĂveis e parte
importante da sua formaĂ§Ă£o como seres humanos.
“Ele retribui o beijo. Seus dedos se entrelaçam nos meus e eu fico tonta e ele me levanta e tudo fica claro e tudo Ă© sublime de novo. Nosso beijo transforma o mundo em poeira. SĂ³ nĂ³s existimos e nada mais importa. “
A
verdade Ă© que essa Ă© mais uma histĂ³ria que poderia passar despercebida, um
recorte de uma vida familiar levemente conturbada, mas nĂ£o necessariamente
diferente de muitas outras. Mas E. Lockhart transforma seu livro em um mistério
dramĂ¡tico extremamente envolvente e bem amarrado, e a narradora consegue nos
dar uma visĂ£o geral de toda a famĂlia, suas caracterĂsticas e problemas, mesmo
que ela esteja contando a prĂ³pria histĂ³ria.
Mas
uma estranho e explicado acidente muda a vida de Cady, para os Ăntimos, o que
vai obriga-la a idas frequentes a médicos, fruto de constantes dores de cabeça
aliada a um quadro depressivo e uma estranha amnĂ©sia seletiva que nĂ£o a permite
lembrar de como chegou a esse ponto.
“... ele olhava para vocĂª como se fosse o planeta mais brilhante da galĂ¡xia.”
Essa
fase dura dois longos anos, e Cady se mantém longe da ilha e do convivo dos
Mentirosos. Mas, o pior de tudo Ă© nĂ£o receber notĂcias deles e nem ter os seus e-mails
enviados para a prima e melhor amiga, respondidos durante todo esse tempo. Cady
ama os primos e Gat tambĂ©m, mas ela acaba se apaixonando por ele, uma paixĂ£o
conturbada por causa do medo da nĂ£o aceitaĂ§Ă£o da famĂlia, jĂ¡ que o menino nĂ£o
faz parte do que seria aceitĂ¡vel pelo seu avĂ´.
Cady
nĂ£o vai aceitar esse silĂªncio e vai lutar para saber a verdade tentando
reconstituir os fatos e se lembrar de tudo o que aconteceu no seu Ăºltimo verĂ£o
na ilha, mesmo que todos pareçam temerosos de que ela saiba a verdade, mas nada
serĂ¡ tĂ£o doloroso quanto a sua descoberta.
“ – Posso segurar sua mĂ£o? – ele perguntou. (...) – O universo parece realmente enorme agora – ele me disse. – Preciso me segurar em algo.”
Confesso
que nĂ£o entendi quando algumas amigas me disseram que o livro era emocionante e
que tinham chorado horrores com o final... A narrativa segue um curso um pouco
confuso, permeada de metĂ¡foras, fĂ¡bulas e versos que farĂ£o todo o sentido no
final do livro, alĂ©m da alternĂ¢ncia entre real e imaginĂ¡rio, a princĂpio te
deixam como Cady: com a sensaĂ§Ă£o de que tem alguma coisa que todos sabem e sĂ³
nĂ£o contaram para vocĂª.
Os
personagens sĂ£o muito bem escritos e apaixonantes. A energia vital de Johnny, a
doçura de Mirren, o carisma de Gat e a determinaĂ§Ă£o de Cady sĂ£o descritas com
maestria. Amizade, o primeiro amor, dramas familiares, amor fraternal, todas
essas discussões fazem parte do universo de Mentirosos.
“E eu vi Gat, e vi aquela rosa na mĂ£o dele, e, naquele momento, com a luz do sol entrando pela janela e brilhando sobre ele, as maĂ§Ă£s sobre a bancada da cozinha, o cheiro de madeira e maresia no ar, eu rotulei amor. Era amor, e me atingiu com tanta força que me inclinei junto Ă porta de tela ainda entre nĂ³s para me manter de pĂ©. (...) O universo era bom porque ele existia. Eu amava o rasgo em seu jeans e a sujeira em seus pĂ©s descalços e a ferida em seu cotovelo e a cicatriz que atravessava uma sobrancelha. Gat, meu Gat.”
E
sim, o melhor estĂ¡ no final! Torço pra que vocĂª, assim como eu, persista e
chegue atĂ© lĂ¡ para entender como a histĂ³ria se desvenda de forma mĂ¡gica. Mesmo
levantando milhões de teorias, duvido que vocĂª vai conseguir descobrir o mistĂ©rio
que os Sinclair escondem. E Ă© isso que torna o final ainda melhor!
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirAcho que Ă© a primeira vez que leio uma resenha desse livro. A premissa nĂ£o me chamou a atenĂ§Ă£o e nem a capa. Mas lendo sua resenha, fiquei curiosa por todo esse mistĂ©rio que envolve os personagens. EntĂ£o, se tiver oportunidade, vou ler. Resenha muito bem elaborada! Obrigada. Beijos.