Estes
livros costumam ficar nas prateleiras de negócios ou de administração. As
editoras costumam vendê-los como se fossem manuais para executivos. Alguns têm
cara de auto-ajuda. Mas não. É só uma roupagem marketeira para livros que
juntam sociologia, psicologia, economia, mexem bem e adicionam a pretensão de
explicar o mundo da economia a gosto. Eles invadiram as livrarias nos últimos
anos. Vendem muito bem, obrigado. Mas não são fáceis de decifrar – seus títulos
bacaninhas não ajudam: Freakonomics parece nome de filme de terror; O Cisne
Negro, de romance policial; e A Cauda Longa, então? Parece... deixa pra lá!
Para facilitar as coisas, o jornalista Malcom Gladwell, um dos autores
pioneiros desse tipo de livro, inventou uma classificação nova, e, claro,
pretensiosa, para eles: “livros de grandes idéias”. Agora, para facilitar mais
ainda, montamos este guia aqui, que mostra qual é, afinal de contas, a grande
idéia por trás de cada obra. E tivemos uma “grande idéia” também: organizar
nossa prateleira de um jeito mais ou menos pretensioso. Boa leitura!
Blink (Malcom Gladwell, 2005).
A
idéia: Tomamos decisões inconscientes o tempo todo. Alguns sabem tirar proveito
disso, como especialistas em obras de arte que reconhecem uma falsificação
quase perfeita num piscar de olhos, sem pensar. Outros não. É o caso dos
empresários que, sem saber, só contratam sujeitos altos como executivos.
Gladwell mostra: cada 3 centímetros a mais na altura valem quase US$ 1 000 a
mais de salário anual nos EUA.
Freakonomics (Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner, 2005)
A
idéia: O senso comum está errado. Os autores defendem que a legalização do
aborto nos EUA, em 1973, foi o que reduziu a criminalidade, que as piscinas são
mais perigosas para as crianças do que armas de fogo, que professores
trapaceiam mais do que alunos nas avaliações... Ufa! Isso e mais umas dezenas
de “impropérios”. Tudo sem o menor sensacionalismo, com precisão acadêmica.
The Black Swan (inédito em
português, Nassim Taleb, 2007)
A
idéia: O que faz o mundo girar são as coisas improváveis – seja um Adolf
Hitler, seja um 11 de Setembro ou alguma empresa que descubra uma mina de ouro
no nada, como a Microsoft. Até aí, nada de novo. Mas Taleb mostra que somos
viciados em achar que o imprevisível não existe, que tudo é quadradinho, com
causas e conseqüências claras – e que por isso os livros do tipo “Como ficar
milionário em 10 passos” pode transformar seus autores, nunca seus leitores, em
milionários.
O Ponto de Desequilíbrio (M.
Gladwell, 2000)
A
idéia: Fenômenos sociais começam de surpresa. Por exemplo: Gladwell defende que
a redução dos crimes em Nova York, que caíram pela metade nos anos 90, teve
início em algo banal: o combate à pichação no metrô. Isso teria mostrado que as
autoridades não estavam para brincadeira, começando uma bola-de-neve que
arrasou os crimes – uma proposta menos radical que a do Freakonomics, mas tão
atraente quanto.
O Mundo é Plano (Thomas
Friedman)
A
idéia: As pessoas são as novas multinacionais. Engenheiros russos projetam
aviões para a americana Boeing direto de Moscou; contadores da Índia fazem o
imposto de renda para quem mora nos EUA; o callcenter que atende suas ligações
pode estar em qualquer parte do mundo. Um mundo agora “plano”, em que a
distância física virou coisa do passado. Tanto que o faturamento saltou de US$
100 milhões para US$ 9 bilhões.
Idéias que Colam (Chip Heath e
Dan Heath, 2007)
A
idéia: Se alguém disser que um saco de pipoca tem 37 gramas de gordura saturada
você se lembraria depois de um mês? E se falarem que ele tem tanta gordura
quanto um monte de bacon, um Big Mac com fritas e um bifão – tudo junto? Desse
jeito a idéia gruda. Os Heath, enfim, dissecam os mecanismos que permitem isso.
E concluem: as idéis que colam são as mais simples e inesperadas.
A Cauda Longa (Chris Anderson,
2006)
A
idéia: Agora menos é mais. Chris Anderson decreta o fim dos hits de consumo:
agora que qualquer livro, música ou vídeo está a dois cliques, o que não falta
é opção de escolha. E aquilo de quase todo mundo ler, ouvir e assistir as
mesmas coisas está acabando aos poucos. Para quem duvida, ele mostra dados
surpreendentes para provar. Como este: um terço das vendas da Amazon são de
livros que não aparecem nem entre os 100 mil mais vendidos.
A Sabedoria das Multidões
(James Surowiecki, 2004)
A
idéia: Vamos lá: se você perguntar a 100 idiotas quantas balas existem num
saquinho, o número médio entre as respostas será mais acurado que o palpite de
um especialista em saquinhos de bala. Com base em experimentos assim, que
realmente aconteceram, Surowiecki conclui que grupos de pessoas são mais
inteligentes do que indivíduos.
Wikinomics (Don Tapscott e A. D. Williams, 2007)
A
idéia: O estilo wiki, a coisa de dividir trabalhos entre milhares de
colaboradores online, não serve só para a Wikipedia. Mas para tudo. A
mineradora canadense Goldcorp que o diga. Ela colocou seus estudos geológicos
na rede. Então pagou por dicas de profissionais do mundo todo sobre onde
encontrar mais minérios. A produtividade bombou. E o faturamento cresceu 9
000%.
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