Autor:
Lois Lowry
Ano:
2009
Número
de páginas: 192
Sinopse:
Ganhadora de vários prêmios,
Lois Lowry constrói um mundo aparentemente ideal, onde não existe dor,
desigualdade, guerra nem qualquer tipo de conflito. Por outro lado, também não
existe amor, desejo ou alegria genuína.
Os habitantes da pequena
comunidade, satisfeitos com suas vidas ordenadas, pacatas e estáveis, conhecem
apenas o agora - o passado e todas as lembranças do antigo mundo foram apagados
de suas mentes.
Uma única pessoa é encarregada
de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do
sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os
dirigentes da sociedade em momentos difíceis.
Aos 12 anos, idade em que toda
criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se
tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um
treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz
ideia de que seu mundo nunca mais será o mesmo.
Orientado pelo velho Doador,
Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado.
Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela
utopia começa a se revelar.
Premiado com a Medalha John
Newbery por sua significativa contribuição à literatura juvenil, este livro tem
a rara virtude de contar uma história cheia de suspense, envolver os leitores
no drama de seu personagem central e provocar profundas reflexões em pessoas de
todas as idades.
FASCINANTE!
Acho que essa é a melhor palavra para descrever esse livro que, acredito,
deveria ser leitura obrigatória para todos que perderam a esperança de lutar
por um mundo melhor.
O
livro nos apresenta um mundo aparentemente ideal, tudo funciona certinho, tudo
tem a época certa para acontecer, onde ninguém tem segredos, não há sofrimento
e todos têm emprego, saúde, educação e lazer, além de uma família perfeita. Todo
esse processo é sustentado através de pílulas que suprimem emoções, amor e,
principalmente, sexualidade. Não há animais de verdade, somente de pelúcia,
como o elefante da irmã de Jonas (morreria com isso...). Castigos físicos são
empregados em crianças e idosos para minimizar os erros de linguagem e pequenos
delitos (ah, meus alunos...), para os grandes delitos é reservada a Dispensa,
que Jonas vai descobri mais tarde o que vem a ser.
– Quem quer ser o primeiro desta noite a falar dos sentimentos? – perguntou o pai de Jonas quando terminaram a refeição.
Era um dos rituais, o relato noturno dos sentimentos.
– Animais? – sugeriu Jonas. E deu uma risada.
– Isso mesmo – disse Lily, rindo também –, como animais.
Nenhuma das duas crianças sabia o significado exato da palavra, que ali costumava ser usada para descrever pessoas mal-educadas ou desajeitadas, pessoas que destoavam da comunidade
Aparentemente
o sonho de qualquer um, não é? Mas, por outro lado, os desejos e sentimentos
são controlados, as pessoas não têm passado ou apenas não se recordam dele, e o
futuro é totalmente controlado, restando viver apenas o presente absolutamente
monitorado. Será que vale à pena?
- Vocês me amam?
Seguiu-se um
silêncio embaraçoso por um momento. Então o Pai deu uma risadinha.
- Jonas, logo
você! Precisão de linguagem, por favor!
- Como assim? –
perguntou Jonas. Risadas não eram absolutamente o que tinha esperado.
- Seu pai está
querendo dizer que você se expressou de forma muito generalizada, com uma
palavra tão sem sentido que já se tornou quase obsoleta - explicou-lhe sua mãe
em tom cuidadoso.
Jonas os fitou.
Sem sentido? Ele nunca havia vivenciado nada mais significativo e tão cheio de
sentido do que aquela lembrança.
- E é claro que
nossa comunidade não pode funcionar direito se as pessoas não usarem uma
linguagem precisa. Você poderia perguntar: “Vocês gostam de mim?” A resposta é
“Sim” – disse sua mãe.
- Ou então –
sugeriu o seu pai -, “Vocês se orgulham de meus talentos?” E a resposta é, com
toda a convicção, “Sim”.
- Compreende
porque é inconveniente usar uma palavra como “amor”? – perguntou a Mãe.
Vamos
conhecer esse mundo através dos olhos de Jonas, um Onze, assim designadas as
crianças que tem onze anos. Tudo começa a se desestabilizar quando Jonas faz 12
anos e receber dos governantes a sua Atribuição, que será a sua profissão para
o resto da vida. Em uma Cerimônia tensa, ele recebe a função de Recebedor de
Memórias, função de extrema importância que é realizada por apenas uma pessoa
por vez, ou seja, Jonas será o responsável por guardar as lembranças e sentimentos
que foram retirados de todos os outros habitantes do local pois ele tem a
capacidade de ‘ver além’.
Para
isso, Jonas será treinado pelo Doador que, à media que passar para Jonas as
lembranças que ele armazena, terá o seu fardo aliviado, pois esquecerá das
mesmas como qualquer outro cidadão. À medida que recebe as lembranças, Jonas
passa a ver o mundo com outros olhos e conhece os sentimentos. Linda a
descrição de quando ele percebe que o mundo é colorido. E começa a se
questionar se estar sob esse controle é realmente a maneira ideal para se
viver, se vale à pena abrir mão das infinitas possibilidades que a vida nos
oferece em troca da segurança de viver em mundo onde nada nunca vai dar errado.
“Com sua nova e
mais aguçada capacidade de sentir as coisas, uma tristeza esmagadora se
apossara dele ao ver outros rirem e gritarem brincando de guerra. Tinha
consciência de que não poderiam compreender o motivo daquela tristeza sem as
lembranças. Sentia um amor tão grande por Asher e Fiona! Mas os dois não podiam
sentir o mesmo por ele sem as lembranças. E Jonas não podia transmiti-las.”
Esse
é um livro que nos faz pensar, que nos inquieta, e por isso mesmo, maravilhoso.
Jonas, apenas um garotinho de 12 anos, vai ousar questionar os princípios de
uma sociedade suspostamente perfeita e nos mostrar que vale à pena lutar pelo
que se acredita e que as diferenças são essenciais para a formação de quem
realmente somos.
Oi,
ResponderExcluirCaramba, nunca imaginei que este livro fosse ser uma distopia. Ou algo parecido. Uau. Você despertou a minha curiosidade.
O Doador, apesar de aparentar ser um livro denso e bem complexo, parece conter uma mensagem bacana. É como você disse. Ele pode nos ensinar a não desistir e lutar por nossos direitos. E quem fará isso? Apenas um garotinho de 12 anos.
Com certeza deve ser uma ótima leitura.
Dica anotada e, claro, excelente resenha :)
João Victor - Amigo do Livro
http://amigodolivro.blogspot.com.br/
Obrigada pelo elogio, João, vindo de um blogueiro tão conceituado é lisonjeador!
ExcluirNão conhecia este livro, mas gostei da ideia de distopia, apesar de lembrar levemente um outro livro. Adoro livros onde o personagem principal é criança, tudo fica diferente sob os olhos delas. =)
ResponderExcluirLembra qual livro, Dani?
ExcluirQUe livro encantador. Eu nao gosto muito quando o personagem principal é criança, mas n ocaso deste livro, na otem como ser diferente. |trazer um adulto para receber e conhecer as emoçoes nao seria tao impactante. Imagina, nao conhecer animais. Por que sem animais ? Porque demonstramos amor por eles ? Sei la, só lendo pra saber. Imagina, nao falar eu te amo para um filho. Pior mesmo é imaginar a carga de sentimentos que esse garotinho vai carregar.
ResponderExcluirQue demais o blog ter resenha deste livro, adorei! Estou com muita vontade de ler este livro e, como é sempre bom conhecer mais de uma opinião, a resenha vai me ajudar bastante na escolha da minha leitura.
ResponderExcluirSua resenha foi ótima, me deixou sem dúvidas: preciso ler este livro também.
Ás vezes pensamos que os sentimentos, medos e as possibilidades de tudo dar errado atrapalham, mas é interessante refletir como o mundo seria sem graça e sem cor sem os sentimentos.
O enredo é ótimo, nunca li nada parecido e fiquei super curiosa. Principalmente, para saber como será o desfecho desta estória! Jonas parece ser, também, um personagem cativante.
beijos
Esse livro vai ser relançado pela Arqueiro no próximo mês e vai virar filme tb!
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